Aula 09

Planejamento – Aula 08

Tema: O continente africano;

Retomada da aula anterior:

  • Nacionalismo Palestino;
  • Crise do Petróleo.

Aula:

O continente africano

  • Duas divisões internas:
  1. África do Norte – predomínio da população árabe;
  2. África Subsaariana – também conhecida como África negra (herança dos tempos do tráfico negreiro e das teorias racistas).
  • Escravidão
  1. Duração aproximada de quatro séculos;
  2. População estimada de escravos exportados: 15 milhões;
  3. Profunda desestruturação tribal;
  4. Estagnação populacional;
  5. Guerras.
  • Imperialismo
  1. África como potencial mercado consumidor e fonte de matérias-primas minerais e vegetais;
  2. Prestígio e poder;
  3. Missão civilizatória (ideia do ¨fardo do homem branco¨);
  4. Partilha colonial (definida em linhas gerais durante o Congresso de Berlim de 1884-85);
  5. Assinatura de contratos de fronteira, a partir do ano de 1890, determinando as áreas coloniais de cada país:a) Cartografia política baseada em linhas geométricas (paralelos, meridianos ou projeções da foz dos rios) ou acidentes naturais (divisores de águas ou cursos fluviais) – formação das ¨fronteiras artificiais¨.
  • Descolonização e Neocolonialismo
  1. Libertação da maioria das colônias na década de 1960;
  2. Algumas independências foram conquistadas por meio de guerras e movimentos armados de libertação;
  3. Instalação de ditaduras e sucessivos golpes de Estado;
  4. Dependência extrema das antigas colônias europeias ou das potências da guerra fria (neocolonialismo);a) Criação do projeto do pan-africanismo: a verdadeira independência exigia um desenvolvimento econômico, o qual só seria viável através da união de toda a África Subsaariana;

    b) Fracasso do projeto pan-africanista frente aos Estados já existentes, que asseguravam a hegemonia das elites étnicas regionais.

  • A crise africana
  1. Fraco crescimento econômico desde as independências;
  2. Explicação terceiro-mundista para a pobreza africana: herança colonial em que as estruturas políticas e econômicas criadas pelas potências europeias seriam fontes exclusivas da tragédia na África Subsaariana;
  3. Explicação atual: ¨armadilha da pobreza¨, baixa produtividade agrícola aliada as moléstias típicas dos climas quentes (pobreza africana vinculada a fatores internos e não heranças externas);
      1. a) Dentre as características climáticas desfavoráveis destaca-se o regime irregular das chuvas que provoca perdas periódicas de safras e instabilidade dos ciclos agrícolas;

    b) No campo social levam-se em conta moléstias como a malária, a febre amarela e o tétano, que propagam-se continuamente pelo continente;

    c) Limitações no comércio internacional geradas pela ausência de saídas marítimas e pelas distâncias entre as áreas de produção e os portos exportadores;

d) Existência de pressões demográficas – resultantes da atrasada transição demográfica africana. Isso implica economicamente em uma população economicamente ativa pequena e no poder público sobrecarregado (demandas dos setores como saúde e educação não são cobertas).

  1. Falha na teoria da ¨armadilha da pobreza¨: a questão política, que influiu diretamente no fracasso econômico africano, fica em segundo plano;
  2. A principal causa da tragédia africana encontra-se na fragilidade dos Estados;
  3. Os Estados africanos estão, em sua maioria, estruturados em torno do poder das elites étnicas e clânicas – o que resulta em conflitos internos crônicos e consequentemente na fraqueza das instituições políticas nacionais;
  4. Causa internacional da crise africana: protecionismo dos países do primeiro mundo – unida as permanentes ¨ajudas alimentares¨, política de dumping1 que gera instabilidades desastrosas nos preços agrícolas internos e desorganiza a produção africana;
  5. Intenso êxodo rural que acompanha a redução da produção dos alimentos, resultando na fome generalizada;
  6. Alta taxa de contaminação por HIV resultante da ineficiência política e administrativa dos governos, que contam – por vezes – com recursos suficientes para combater a pandemia da AIDS no continente.
  • As guerras étnicas e a União Africana
  1. Criação da OUA (Organização da Unidade Africana), como instituição de cooperação e segurança continental.a) Fracasso do projeto da OUA. A instituição serviu como instrumento de perpetuação da fragmentação geopolítica estabelecida pelo imperialismo europeu e pelas elites pós-coloniais.
  2. Na conferência do Cairo, em 1964, decidiu-se pela continuação das fronteiras existentes;
  3. Por que os líderes de uma África que se libertava do poder colonial juraram conservar aquelas linhas de limites que não refletiam em nada a história, a experiência, as culturas e etnias africanas? Devido ao poder das elites locais estarem estabelecidos sobre os Estados existentes e em decorrência da indisponibilidade de ¨fronteiras africanas¨ para substituir as já existentes;
  4. Crescimento dos conflitos étnicos internos e da violência dos aparelhos do Estado (interessados sobretudo em garantir seu poder e suas fontes de renda);
  5. Alinhamento, durante a Guerra Fria, dos estados africanos com uma das duas superpotências mundiais:a) Oferecimento de financiamentos externos de aparelhos administrativos e militares (assegurando o poder militar e o consequente esmagamento das contestações internas).
  6. Com o fim da Guerra Fria os Estados da África Subsaariana viram-se duramente ameaçados pelas guerras civis;
  7. Criação da União Africana – refletindo a nova política da África do Sul que se engajou na liderança continental após uma difícil transição para a democracia multiétnica. A nova união contém mecanismos de contenção a genocídios e planos de financiamento aos países africanos (NEPAD).

Referências Bibliográficas:

  • AQUINO, Rubim Santos Leão de et alii. História das sociedades. Das sociedades

modernas às sociedades atuais. 48a ed. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 2003;

  • MORAES, Paulo Roberto. Geografia Geral e do Brasil. 3a edição. São Paulo: Editora Harbra, 2006;
  • MAGNOLI, Demétrio. O mundo contemporâneo. 2a edição. São Paulo: Atual Editora, 2008;

1 Dumping é uma prática comercial que consiste em uma ou mais empresas de um país venderem seus produtos por preços extraordinariamente abaixo de seu valor justo para outro país (preço que geralmente se considera menor do que o que se cobra pelo produto dentro do país exportador), por um tempo, visando prejudicar e eliminar os fabricantes de produtos similares concorrentes no local, passando então a dominar o mercado e impondo preços altos. É um termo usado em comércio internacional e é reprimido pelos governos nacionais, quando comprovado. Esta técnica é utilizada como forma de ganhar quotas de mercado.

Organização da Unidade Africana

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